sexta-feira, 4 de abril de 2008

A importância da experimentação com animais de laboratório

No mês de novembro de 2007 houve uma ação da Câmara dos Vereadores da Cidade de Florianópolis – SC que espantou-me, e se esse mal contagiar os outros Municípios brasileiros, as ciências farmacológica e fisiológica no Brasil estão acabadas, e retrocederão à idade da pedra, pois esta Câmara aprovou uma Lei Municipal que proíbe o uso de animais em experimentação. Vejamos o seguinte: todo método em medicina, todo medicamento, qualquer aparelho de diagnóstico ou hospitalar antes de serem reconhecidos e introduzidos nos diversos ramos da medicina, obrigatoriamente devem passar por uma bateria de ensaios que são chamados de ensaios pré-clínicos.
Os ensaios pré-clínicos podem ser realizados in vitro, se utilizado sistemas celulares isolados, o que não representa o sistema biológico tão complexo que forma o animal e o homem, ou in vivo, se utilizado animais de laboratório, e neste caso existem animais que possuem características bioquímicas e metabólicas semelhantes ao do homem, como por exemplo, em ordem de importância o macaco, o cachorro beagle, o porco, e o coelho. Ora, a ciência já nos mostrou e continua nos mostrando que a introdução, principalmente de novos medicamentos sem estudo pré-clínico rigoroso, coloca-se em risco a vida do usuário, pode-se citar o caso da talidomida, que quando foi introduzida na terapêutica não houve uma avaliação pré-clínica pormenorizada, então provocou grandes problemas de teratogenicidade, ou seja, mal formação fetal.
Há diretrizes em nível mundial que estabelece que os novos medicamentos para serem registrados, e posteriormente, introduzidos na terapêutica, devem passar pelos ensaios pré-clínicos que envolvem a avaliação de ocorrência de efeitos tóxico-colaterais e a eficácia medicamentosa, e para determinados tipos de doenças estes medicamentos devem ser testados em modelos de doenças estabelecidos em animais. Após avaliado os riscos e benefícios em nível pré-clínico, é que deve-se seguir para a clínica, e ai então, faz-se os ensaios clínicos que são estabelecidos inicialmente, no homem sadio para se avaliar a ocorrência de possíveis efeitos colaterais, e posteriormente, em pessoas realmente doentes. É importante observar que este é o caminho lógico, e a experimentação em animais de laboratório, é a forma mais segura de introduzir qualquer novidade na terapêutica.
Diversos tipos de animais e espécies variantes desses, foram criados especificamente para serem utilizados na experimentação. Aqui pode-se citar os camundongos balb-c que são extremamente sensíveis a células tumorais, os albinos, que são sensíveis a estímulos dolorosos, os nudes que foram criados para ensaios com produtos de aplicação tópica, os ratos geneticamente hipertensos, criados para ensaios com novas drogas anti-hipertensivas, os diabéticos para pesquisa de novas drogas para diabetes, etc...Então, o leque na pesquisa utilizando animais de laboratório é imenso. É lógico que pelo grande avanço da computação, não há necessidade de usar tais animais para aulas práticas nos diversos cursos universitários, há programas que promovem simulações reais para a condução didática, mas jamais para fins de pesquisa de novos medicamentos e procedimentos terapêuticos. Portanto, vamos ter cautela e sensatez quando avaliarmos e discutirmos a importância dos animais de laboratório para o avanço da medicina em geral.

Nenhum comentário: