quinta-feira, 15 de novembro de 2007

O açaí como alimento funcional

O binômio dieta-saúde representa um novo paradigma no estudo dos alimentos. Neste contexto, surge a compreensão de que a alimentação adequada exerce um papel além do que fornecer energia e nutrientes essenciais, enfatizando também a importância dos constituintes não-nutrientes, que em associação, são identificados pela promoção de efeitos fisiológicos benéficos, podendo prevenir ou retardar doenças tais como as cardiovasculares, câncer, infecções intestinais, obesidade, dentre outras. Deste modo, os alimentos que contém estas propriedades são denominados alimentos funcionais, nutracêuticos (quando colocados numa forma farmacêutica), alimentos planejados e outros sinônimos correlatos. Entretanto, o termo que melhor se adequa à categoria de alimentos fisiologicamente ativos é alimentos funcionais, considerando que "cêutico" recorda medicamentos e "planejados" sugere artificial ou sintético.
O conceito de alimentos funcionais é amplo, e defende a suposição de que a dieta pode controlar e modular as variadas funções orgânicas, contribuindo para a manutenção da saúde e reduzindo o risco de acometimentos por morbidades. Atualmente, o efeito funcional de um alimento abrange não somente aqueles que, além do enfoque nutricional, exercem ações promotoras para o bom funcionamento do organismo, mas qualquer alimento ou ingredientes alimentares benéficos para o funcionamento orgânico.
A literatura referencia alguns critérios estabelecidos para determinação de um alimento funcional, tais como: exercer ação metabólica ou fisiológica que contribua
para a saúde física e para a diminuição de morbidades crônicas; integrar a alimentação usual; os efeitos positivos devem ser obtidos em quantidades não tóxicas, perdurando mesmo após suspensão de sua ingestão; e, por fim, os alimentos funcionais não são destinados ao tratamento ou cura das doenças.
O açaí, cujo nome científico é Euterpe oleracea, vem despertando muito interesse nos pesquisadores da área de alimentos funcionais de todo mundo, pois os frutos desta espécie vegetal é rico em compostos naturais que possuem atividade antioxidante, tais como antocianidinas e ácidos graxos omega-6. Estudo recente de um grupo de farmacologistas da Universidade Federal do Ceará, intitulado “Endothelium-dependent vasodilator effect of Euterpe oleracea Mart. (Açaí) extracts in mesenteric vascular bed of the rat”, publicado no periódico cientifico “Vascular Pharmacology” (v. 46, p. 97-104, 2007), demonstrou que o suco de açaí provoca vasodilatação dependente do endotélio, o que tanto se quer com os novos medicamentos vasodilatadores, mas questiona-se: Porque encontram-se tantos ribeirinhos com hipertensão arterial? Este fato pode ser explicado pelo alto consumo de alimentos associados ao açaí como peixe, camarão e caças salgados. O alto consumo de cloreto de sódio pode desencadear distúrbios arteriais levando a um estado hipertensivo.
Pelos efeitos benéficos do açaí, um grupo especializado no comércio de alimentos naturais, o SunOpta, irá distribuir a polpa de açaí orgânico para empresas alimentícias norte-americanas. Esta iniciativa acompanha a crescente popularidade do açaí, usado em bebidas e alimentos com a imagem de produtos saudáveis.
Espera-se uma receita bruta de 1 a 1,5 milhão de dólares no primeiro ano de venda, segundo opinião de Jeremy Kendall, presidente do grupo canadense.
O açaí é obtido do estado do Amazonas, e tem sua polpa rapidamente congelada para manter suas propriedades nutricionais. A fruta dessa região, contém uma concentração muito alta de antocianinas, proteínas, fibras e ácidos graxos omega-6 e omega-9.
A empresa alega manter benefícios para as famílias locais da região amazônica bem como ajudar na manutenção da biodiversidade da floresta amazônica.

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